Modelagem da temperatura da superfície urbana em função da cobertura vegetal e do extrato populacional de municípios paulistas
Data
2020
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Editor
Universidade Brasil
Resumo
À medida que passa o tempo, torna-se cada vez mais evidente que as cidades devam
pensar nas árvores e componentes vegetais como infraestruturas urbanas de saúde
pública e bem-estar da população como um todo. A alteração do meio físico, causada
pela crescente aglomeração populacional, fez com que as qualidades ambiental e de
vida urbana se tornassem insatisfatórias, e, para avaliar o bem-estar da população,
foram criados indicadores abordando aspectos relacionados a condições econômicas,
sociais e ambientais, como a porcentagem de cobertura vegetal (CV), de cobertura
arbórea (CA) e de áreas verdes (AV). A CV é o somatório de toda área vegetada de
um município, ou seja, as AV e as CA. A AV é constituída de canteiros, praças etc.,
exceto as árvores. Já a CA se restringe somente à área de copas das árvores. De
acordo com a Resolução Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo n.º
33/2018, a meta ideal em uma cidade, é de 50% de CV. Sabe-se que a vegetação
diminui a temperatura média local em função de fatores físicos e fisiológicos, como a
fotossíntese, a evapotranspiração e o sombreamento e que, segundo a literatura,
aumentos na CV urbana são capazes de diminuir a temperatura superficial. Assim, o
objetivo nesta pesquisa foi avaliar a variação da temperatura da superfície urbana em
função da CV por modelos matemáticos e quantificar a porcentagem ideal de
cobertura na área urbana de acordo com o extrato populacional do município. Foram
avaliados 15 municípios do estado de São Paulo escolhidos ao acaso, divididos em
cinco extratos populacionais com três cidades em cada. Até 20.000 habitantes (Estrela
d’Oeste, Pompéia e Santo Antônio do Aracanguá), de 20.001 a 50.000 (Descalvado,
Tanabi e Valparaíso), de 50.001 a 100.000 (Fernandópolis, Mirassol e Paulínia), de
100.001 a 500.000 (Araraquara, São José do Rio Preto e Sorocaba) e acima de
500.000 habitantes (Campinas, Santo André e São José dos Campos). Foram
definidos e distribuídos campos amostrais nos diversos municípios sobre imagens
atuais do Google Earth Pro, onde foram delimitadas as áreas de CV por digitalização
manual e que, posteriormente, foram confrontadas com imagens termais. A
modelagem da temperatura da superfície urbana em função da cobertura vegetal foi
realizada por regressão estatística. Concluiu-se que a CA se mostrou mais eficiente
na redução da temperatura superficial urbana do que a porcentagem de AV ou de CV.
De acordo com os modelos propostos, no estado de São Paulo, a porcentagem de
CA de 50% seria capaz de reduzir em 4°C a temperatura de municípios com mais de
20.000 habitantes, devendo ser distribuída ao longo da malha urbana. A média geral
da porcentagem de AV, CA e CV em todos os extratos populacionais foi de 11,9%,
13,5% e 25,2% respectivamente, não havendo diferenças significativas entre os
extratos. O índice de 50% de CV proposto pela Secretaria de Infraestrutura e Meio
Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA, antiga SMA) pode ser considerado
adequado na redução da temperatura urbana, desde que se quantifique apenas as
copas das árvores.
Abstract
With the passing of time, it becomes increasingly evident that cities should think of
trees and plant components as urban infrastructure for public health and well-being of
the population as a whole. The changes in the physical environment caused by the
growing population agglomeration made the characteristics of environmental and
urban life unsatisfactory. In order to assess the well-being of the population, indicators
were created addressing aspects related to economic, social and environmental
conditions, such as the percentage of vegetation cover (VC), tree cover (TC) and green
areas (GA). The VC is the sum of the entire vegetated area of a municipality, that is,
GA’s and TC. GA’s comprise flowerbeds, gardens, etc., except for trees. TC, on the
other hand, is restricted only to the area of tree crowns. According to the Resolution of
the Secretariat for the Environment of the State of São Paulo Resolution no. 33/2018,
the ideal goal of VC in a city is 50%. It is known that vegetation decreases the local
average temperature due to physical and physiological factors, such as
photosynthesis, evapotranspiration and shading and that, according to the literature,
increases in urban VC are able to decrease surface temperature. Thus, the objective
of this research was to evaluate the variation in the temperature of the urban surface
as a function of the VC by mathematical models and to quantify the optimal percentage
of coverage in the urban area according to the population extract of the municipality.
Fifteen towns in the state of São Paulo were chosen at random, and then split into five
population extracts with three towns in each. Towns with up to 20,000 inhabitants
(Estrela d'Oeste, Pompéia and Santo Antônio do Aracanguá), towns with 20,001 to
50,000 inhabitants (Descalvado, Tanabi and Valparaíso), towns with 50,001 to
100,000 inhabitants (Fernandópolis, Mirassol and Paulínia), towns with 100,001 to
500,000 inhabitants (Araraquara, São José do Rio Preto and Sorocaba), and towns
with over 500,000 inhabitants (Campinas, Santo André and São José dos Campos).
Sample fields were defined and distributed in the various municipalities on current
images of Google Earth Pro, where the VC areas were delimited by manual scanning
and were later confronted with thermal images. The modeling of the urban surface
temperature as a function of vegetation cover was performed by statistical regression.
The conclusion was that the TC was more effective to reduce urban surface
temperature than the percentage of GA or VC. According to the models proposed, a
percentage of TC of 50% would be able to reduce by 4°C the temperature of towns
with over 20,000 inhabitants in the state of São Paulo. Such percentage should be
spread throughout the urban environment. The general mean of the percentage of GA,
TC and VC in all population extracts was 11.9%, 13.5% and 25.2%
respectively. There were no significant differences among the extracts. The index of
50% VC proposed by the Secretariat of Infrastructure and Environment of the state of
São Paulo (SIMA, ex-SMA) can be considered appropriate to reduce urban
temperature, provided that only the crowns of the trees are quantified.
Descrição
Palavras-chave
Urbanização, Árvores, Cobertura arbórea, Áreas verdes