Avaliação da efetividade da genotipagem na triagem da infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) – Análise de resultados

Abstract

O câncer do colo uterino é um grave problema de saúde pública e está diretamente associado a infecção pelo papilomavírus humano (HPV). O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo e apresenta alto potencial de evoluir para malignidade, quando advindo de infecções persistentes e recorrentes por tipos de alto potencial oncogênico. Este estudo tem como principal objetivo avaliar um modelo de triagem primária da infecção pelo HPV baseado na detecção do DNA viral através da técnica molecular de microarray e avaliar os principais genótipos expressos, a fim de estabelecer uma relação bem definida entre à incidência de HPVs de alto potencial oncótico com a presença de alterações citológicas. Trata-se de um estudo observacional retrospectivo de análise do banco de dados do laboratório Inside Diagnósticos, Pesquisa e Desenvolvimento S.A, em São Paulo, em que foram analisados resultados de 1951 pacientes que realizaram o exame de genotipagem do HPV e citologia oncótica concomitantemente, no período de janeiro a dezembro de 2022. A prevalência da infecção por HPV na população de estudo foi de 19,99%, sendo a infecção por HPVs de alto risco a mais frequentemente encontrada, presente em 61,53% dos casos. O genótipo 16 (21,51%) foi o mais comum entre as infecções de alto risco e o tipo 54 (21,02%) o mais comum nas infecções por HPV de baixo risco. As infecções por HPV, foram mais comumente observadas em pacientes que apresentaram lesão na citologia e a ausência da infecção por este vírus foi mais comum em pacientes com citologia normal e inflamatória. No entanto, foi identificada a presença do HPV em 13,55% dos casos com citologia normal. A genotipagem do HPV é de suma importância para o combate da neoplasia cervical, uma vez que esta metodologia possibilita a avaliação do risco de desenvolver lesões precursoras e o câncer cervical, antecipando o aparecimento de lesões cervicais em até dez anos, sendo assim, essencial integralizar esta técnica aos exames de base citológica. Além disso, a identificação de genótipos predominantes nas lesões precursoras que antecedem o estado oncogênico permitem traçar um perfil epidemiológico de forma a aumentar a eficácia das ações de prevenção e promoção da saúde relacionados ao câncer cervical.